quarta-feira, 4 de maio de 2011

Maio diferente

Daqui a quatro dias vou viver de um jeito diferente uma data em que estou acostumada a festejar outras pessoas. Vai ser o meu primeiro dia das mães. Sou de primeira viagem, estou ainda no prezinho da maternidade. As lições são diárias e a primeira que aprendi é que, sim, pode existir amor maior do que eu imaginava. Bastou ver o rostinho, na sala de cirurgia, para descobrir isso. Hoje tudo na minha vida gira em torno dela. Os horários da pequena comandam os meus. E se saio por alguns instantes, sinto saudade. Se ela dorme mais de uma hora, sinto saudade. É uma ligação inexplicável. Muitas vezes, tenho desejo de ter um tempo só meu, de ir ao salão de beleza, dar uma volta sozinha no shopping. Mas olho para Alice, ela sorri e não tenho outra vontade a não ser de que ela seja imensamente feliz. E quero ficar perto, grudada. Eu tive muitas dúvidas antes de engravidar. Pensava se era mesmo o momento certo, se ia me arrepender depois. Perguntava a minhas amigas como elas souberam que queriam mesmo ser mães. Balela. Basta olhar para aquele rostinho redondo e tão branquinho, de olhos espertos demais, para ter certeza que minha vida ganhou outro sentido. Eu sou mãe, afinal.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sobre sling, canguru e outros meios de transporte

A cada dia tenho mais certeza de que deveria ter sido mais aplicada nos exercícios de braço nas aulas de musculação. Bebê ama o colinho da mamãe, a mamãe ama ficar coladinha com o bebê. Mas o corpo nem sempre obedece os desejos da gente. Na hora do passeio, haja braços pra dar todo o colo que o bebê pede enquanto observa a rua. Tentei o sling. Pra quem não sabe, o sling é um apetrecho de tecido, que serve pra carregar o bebê. Fica amarrado ao corpo da mãe e dá pra ajustar. Mas ela não aceitou bem. Acho que faltou saber ajustar direitinho. Ainda pretendo tentar novamente. O canguru, que parece uma mochilinha que a gente amarra nas costas, deu mais resultado. Mas o pai ainda não me deixou usar. Fica parecendo um colegial, empolgadíssimo, carregando os 'materiais escolares' que, no caso, se resumem a uma branquelinha que é mesmo a 'cara' dele. Tem também o carrinho, que a pequena ama na hora de dormir, mas não aceita do mesmo jeito quando vamos passear. Também pudera! As calçadas não ajudam nem um pouco. Imagina a trepidação! E eu, que estou longe de ser boa motorista, sofro pra tentar domar o carrinho. Morro de medo de perder o controle numa subida 'incrementada' por buracos. E se vamos de carro, aquele com motor, a pequena fica na cadeirinha. E aí a aceitação depende do humor do dia. Ou ama - e é a benção, com direito a soninho - ou odeia - e é o caos, com choro o tempo todo. Moral da história: em qualquer caso, se o meio de transporte não funciona, aacaba sobrando para a mamãe. Então, se você está pensando em ter um filho, capriche nos exercícios na academia. É melhor preparar os braços.

sábado, 26 de março de 2011

Diário de bordo

Atualizar este blog tem sido tarefa cada vez mais difícil. A pequena quer dedicação integral. No tempo que sobra, a gente faz o básico, o essencial pra sobreviver, como tomar banho, comer e, claro, pintar as unhas que um pouquinho de vaidade não faz mal a ninguém. Claro, desde que não seja no salão, mas em casa mesmo, entre uma mamada e outra. Alice vai completar dois meses em breve. O tempo voou e o clima agora é - quase- de calmaria. Marinheiros de primeira viagem, fomos aprendendo a cuidar dela do melhor jeito possível, respeitando a personalidade. Sim, ela não tem nem 60 centímetros e já sabe o que quer. Há muitos mitos e conselhos furados por aí, mas troca de experiências entre mães é tudo de bom. Assim a gente percebe que não está sozinha nessa árdua tarefa. Ser mãe é mesmo um aprendizado constante - acho que já falei isso aqui. Depois que Alice nasceu, fiz algumas descobertas. Vou dividir com vocês.
Amamentação - Esqueçam as propagandas do Ministério da Saúde, com mães muito felizes, dispostas e maquiadas falando sobre os benefícios do nosso leitinho. Amamentar é quase desesperador nos primeiros dias - e isso ninguém fala. Dói horrores, machuca mesmo, você acha que não vai conseguir, que a situação vai piorar cada vez mais. Claro, o seio não tinha esse uso e ninguém avisa que vai ser assim. A boa notícia é que se o bebê souber mamar direitinho (e a pequena aprendeu na primeira vez, gracinha!) tudo melhora depois de uns dias. Mas custa dizer isso, explicar antes? Estou pensando até em elaborar uma cartilha bem realista e mandar para o Ministério da Saúde como sugestão. As mães vão ter olheiras e cabelo sujo, mas não vão perder aquele brilho que só a maternidade garante.
Pediatra - A da Alice é ótima, sempre atende o telefone quando ligamos, é sempre muito educada, carinhosa com a pequena. Mas é linha dura demais, rígida, cheia de regrinhas. E logo no começo eu achei que o que ela falava deveria ser regra. Então, vejam só que imbecilidade...Eu amamentava com o relógio na mão, marcando 40 minutos. Segundo ela, a mamada não poderia passar desse tempo porque o bebê emagrece ao invés de engordar. Resultado: ela ficava chorando de um lado e eu de outro, sem saber o que fazer. Ó Pai! Que burrice! Moral da história: aprenda com o seu filho. Ele vai te ensinar mais que o pediatra.
Banho - Não é só a gente que gosta de um bom banho. Pode ser bem relaxante para o bebê. O que descobri é que tomar banho à noite faz toda a diferença no soninho da Alice. Pode não parecer. Imediatamente depois do banho ela fica até mais agitadinha, mas uma hora (e uma boa mamada) depois, ela está pronta pra dormir pelo menos até 4, 5 da manhã.
Sono - O que dizem por aí é mesmo verdade. Nunca mais vai ser a mesma coisa. Eu bem que queria dormir umas 10 horas seguidas, mas qualquer barulhinho desperta a gente. Você passa a viver num estado de sono permanente, mas aprende a lidar com isso. Dorme 'picadinho' e já fica satisfeita quando a soma dá umas 6, 7 horas.
Amor - Não existe mesmo igual. É simplesmente inexplicável. A gente só sente. E pronto.
P.S.: Hoje saí por 2 horinhas apenas e voltei numa saudade danada da pequena. Parecia uma semana.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Papai Nina Alice

Dia desses - quer dizer, noite dessas - me peguei agradecendo assim: "valeu, Elvis, valeu!". Explico. Eu tentava fazer Alice dormir. Depois de mamar, ela ficou agitadinha, chorando. Pra dar um descanso pra mamãe, peguei ela no colo e fui pra outro quarto. Naquele embalo, balança dali, balança daqui, comecei a cantar coisas que me vem à cabeça. Invento musiquinhas (Marina também faz isso). Não estava adiantando. Recorri aos mestres, então. Não sei nem bem o motivo, mas comecei a cantar "Love me tender". Procurei uma música na minha cabeça, bem rápido, que tivesse aquele embalinho. Foi sucesso! Alice dormiu na hora. Ah, outro dia tentei "Love me" (sugestão do Tio Felipe, hein!), também do Elvis. Sucesso! 

Bem, a música é um negócio que acompanha a nossa história com a Alice desde o começo da gestação e vai continuar assim, creio. Além de tocar violão quando ela estava na barriga (algumas músicas causavam uma reação alucinada, vários chutes na mamãe), eu comecei a gravar algumas canções que ia fazendo pra Alice. Uma semana antes dela nascer, estavam 11 músicas prontas. Gravei tudo em casa mesmo, no tempo que dava. É o meu presente pra Alice. Um cdzinho só dela. Com suas primeiras músicas. Espero que os amigos, amigas e tios, tias gostem também.

Ah, todas as músicas estão no ipodzinho da Alice. Junto delas, o repertório conta também com muitas músicas da coleção rock lullaby (com Led Zeppelin for babies, Beatles, Stones, The Who... só a nata), o disco do Pato Fu, 'Música de brinquedo' e várias músicas do Bach (todas em violão). Esse é o primeiro set list da pequena Alice!

PS. Se quiserem ouvir, há no canto direito uma lista com todas as "nossas" músicas. Se quiserem baixar, há este site: Papai Nina Alice

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Aprendendo a ser mãe

Minha filha me ensinou a ter calma. Foi uma das primeiras lições. E foi assim que entrei no centro cirúrgico para deixar de ser grávida e me tornar realmente mãe. Rapidinho ouvi o choro, o primeiro. E logo senti o rostinho dela perto do meu. Pela primeira vez. É tudo novo, tudo aprendizado. E é ela quem me ensina. A primeira noite foi de euforia. Tanta que não preguei o olho. Passei horas observando cada movimento. E nunca vou me esquecer de como ela mexia os bracinhos e colocava na cabeça, nos olhos ou balançava como um maestro regendo a orquestra. Ainda hoje é assim. E na barriga já era assim. Era isso que eu sentia. Agora eu sei. Temos noites mais calmas, outras mais agitadas. Às vezes choro junto com ela quando vem as cólicas. Ser mãe é se sentir também impotente diante da dor do filho. Sentir um cansaço que você não sabia que podia existir. Sentir que tudo vale a pena e que é só isso que vale a pena só de olhar pra ela dormindo e rindo muito quando sonha. Com o que ela sonha? Eu tento imaginar, mas nunca vou saber. O meu sonho é uma menininha de olhos grandes e rostinho cheio, com o melhor cheirinho do mundo e que segura meus dedos com uma força danada e me faz ter certeza do que é ser feliz.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

E Alice nasceu!

Alice nasceu! Já passou um dia, dois dias, uma semana... duas semanas! Parece que o tempo parou depois que nossa menininha chegou. Parou no semblante de paz que ela tem. O tempo para quando a gente pega ela dando um daqueles sorrisos de canto de boca. A gente não sabe qual o motivo da risada. É mais um desses mistérios que só um bebê em casa pode nos fazer perceber. E não entender. Alice já chegou por aqui fazendo uma coisa rara: reunindo as famílias. Os vovôs chegaram e voltaram, a vovós chegaram e ficaram.

O dia de seu nascimento foi inesquecível. Desde os sinais sentidos pela mamãe em casa, à informação da médica de que "vamos marcar para as 17 horas". Comum para ela, chocante para nós. A minha corrida até em casa para buscar as malas das duas. O suco de uva que comprei pra sua mãe. A minha tensão na sala de cirurgia. A calma da sua mãe. As fotos que fiz de seu nascimento, os vídeos que gravei (e que, de tão emocionado, não gravei porque esqueci de clicar no botão de REC). O primeiro contato rosto a rosto de mãe e filha. Inesquecível.

sábado, 29 de janeiro de 2011

O valor da amizade

A vida sem amigos não teria nenhum sentido, claro. E muitas vezes não temos oportunidade, tempo ou até mesmo a hora certinha pra dizer o que sentimos por eles. Os dias passam, a gente demonstra o afeto em gestos, na simples companhia, em tardes de gargalhada, numa mensagem no meio da manhã, num email que seja...Mas deixamos de dizer exatamente o que a amizade significa. Desde que ficamos grávidos, reafirmamos todos os dias a importância de ter amigos e percebemos ainda mais o afeto de pessoas muito queridas, que estão sempre por perto ou que, mesmo de longe, acompanham os meses, as semanas, os dias do nosso aprendizado com a pequena. Esse post é pra agradecer a todos, pra dizer que cada palavra de carinho é muito, muito importante pra nós três e dá força e coragem nessa caminhada de 9 meses, um pouco mais, um pouco menos... Quando um amigo alisa minha barriga e conversa com Alice, um telefonema é só pra saber como estamos ou um email chega com palavras de incentivo e dicas para a mãe de primeira viagem que sou, percebo que somos amadas. E acho que, aqui dentro, ela também vai descobrindo isso, vai aprendendo como é bom ter o carinho de amigos. Nesta semana uma amiga escreveu para Alice. E resolvi reproduzir o texto aqui, que é pra ela poder ler quando já tiver idade suficiente.

Recado para Alice


Oi Alice, tá chegando a hora de sair daí de dentro, né?
Tá ansiosa? (Controle mental, por enquanto).
Depois vem o controle da respiração enquanto mama, e logo, logo vai aprender contar até 10, até 100, e depois vai ter uma tal de TPM que.....bom, isso você não vai entender agora! Na hora certa, sua mãe te explica!
Imagino que deva estar agoniada. Apesar do aconchego, aí deve fazer um calor louco. Paciência...quem já esperou por longas semanas pode esperar mais um pouco! Dizem que os médicos sabem qual é a hora certa. Eu, particularmente, acho que essa escolha é sua, “punto e basta”! (Fala do Totó, que não é cachorro – sua mãe explica, se ela tiver paciência!)

Bom, das suas tias, sou uma das poucas que tem juízo, tá?! E nem é muito, mas tenho! Por isso me senti no direito de explicar algumas coisas pra você. (É um olhar externo...além família, tá bom?! Entende isso?)

Olha, não tenho ideia (sem acento mesmo, acredita?!) do que já te falaram durante suas semanas de espera...sua mãe é meio “nervosa” demais e seu pai meio “calmo”demais. Ambos são jornalistas e vivem rodeados de gente “diferente”! É um povo de coração bom, com excelente humor, mas com a feia mania da maledicência! Então, seja lá o que ouviu de estranho, com interpretação dúbia ou algo parecido com ofensa a você ou sua família...não leve a sério...tudo brincadeira..quem não gosta da sua mãe não chega nem perto. Fica tranquila! Ela se defende e saberá fazer isso por você nesses primeiros anos, com o tempo e observando direito, você pega o jeito!

Voltemos à tal da hora certa. Menina, o momento da saída é uma viagem muito doida...aproveita!! Todo mundo só faz isso uma vez na vida!! Saiu que foi, certeza que vai ter um monte de gente te olhando, mas não precisa ter vergonha..se joga no mundo...é assim mesmo! É tipo um sustinho bom, porque tem muita luz aqui fora, mas logo se acostuma.

Sei que aí deve se sentir segura, mas aqui de fora é bem mais divertido, viu?! E vai se sentir segura também, certeza! É já te digo que é uma sensação incrível, pois vai ter proteção e carinho do mesmo jeito, das mesmas pessoas...e mais um mundo inteiro pra você descobrir! Tem música, cinema, livro, flor, bicho, shopping, amor, ciúme, medo, viagem, alívio, gripe, danoninho, amizade, férias...vixe e mais uma infinidade de coisas boas e ruins...que fazem parte!

Venha com a certeza de que o mundo é uma delícia pra você curtir , que as pessoas são diferentes e boas, cada uma do seu jeito...elas acertam, erram, pedem desculpas ou não! Muitas não sabem quem são, o que fazer ou porque estão aqui, precisam de compreensão. Mas todo mundo, sem exceção, tem algo de bom pra você, que tá chegando.

E para que esse mundo seja perfeito pra você, use suas armas! É sério! Nessa primeira fase - demonstre atenção com os adultos: abra os olhos, esboce sorrisos e chore sempre que algo te incomodar, por menor que seja o incômodo, abra a boca! O tempo vai te ensinar como agir depois...

Ah! Em algumas situações é preciso ter jogo de cintura: se sua mãe inventar de brincar de boneca com você, deixe...as mães são assim...é inevitável um lacinho que machuca a cabeça, um sapatinho indecente que aperta o dedinho, um infeliz de um vestidinho danado de quente....seja lá o que for, tente ser tolerante por um tempo....pouco tempo, espere ao menos seu pai fazer a foto...depois reclame. Sua mãe vai entender.

Enfim, tenha calma, seja tranquila...e também muito bem-vinda!
E só mais uma coisinha, seja lá qual for o assunto, ignore a palavra “Mentira”, tá?! É uma palavra muito feia! Foi usada para a prática de bullying - é crime! Nunca diga! Não pode, tá bom?!
Beijinho, te vejo em breve!

Tia Veruska (publicado originalmente no blog da tia Mentira: A estrada vai além do que se vê)